Obsessão


O reconhecimento da doença é o início da cura,
Asseveram os psiquiatras e psicólogos, afinal,
Hoje, tenho que reconhecer, conheço meu mal,
O que tem-me levado por vezes às raias da loucura.

Desde que a encontrei e então tanto nos amamos,
Descobri um mundo novo que julgava não existir,
Perdido nas penumbras do tempo, deste porvir
E do próprio tempo passado que tanto clamamos.

Em seus braços reencontrei da juventude o ardor,
Em seu corpo pulsante perdi-me por tantos instantes,
Fiz dela a namorada perdida, a amada, a amante,
De seus lábios absorvi inebriado o candente sabor.

Em seu abraço quente perdi inteiro as estribeiras
E de tanto a amar e requerer tornei-me obcecado,
Cantando pungentes lamentos por tanto tê-la amado,
Esquecendo-me de mim, a viver sem eira nem beira.

Mas, finalmente, o tempo de me liberar é chegado,
Mesmo constrito vou procurar em algum canto a cura,
Acolher-me num recanto distante desta imagem pura,
Encontrar-me em outro abraço que me queira amado.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 17/01/2015
Reeditado em 18/01/2015
Código do texto: T5105312
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