Vazio Passageiro
Nem todos os rios se obstinam a correr para o mar…
Quantas torrentes se me despenham nas entranhas.
A noite e o dia selam a minha efémera brevidade
No panóptico tabuleiro do que se afirma ser real
Tacteio-me justificando-me a forma física.
Num outro estádio de mim
Oiço as vozes doces das crianças
A lembrarem-me de que estou aqui
E este “aqui”, este doloroso “aqui”
Hipoteticamente por castigo, ou aprendizagem, ou fado
Faz-me conscientemente pensar
Que não pertenço nem aqui nem a lado algum.