CRISTO NO CALVÁRIO
(PARÁFRASE)
Light awares the word.
(LORD BYRON)
Noite! Corvos de sombra, as nuvens pairam lentas;
Como um peito a chorar a treme a terra e se eleva;
Da órbita d'amplidão, em lágrimas cruentas,
Salta rubros fuzis ensanguentando a treva.
Oh! Como o Céu é torvo! Oh! como a terra é fria!
Jerusalém ao longe ora triste, de bruços,
E em torno do Calvário, ouve-se uma agonia
De dolorosos ais, de lúgubres soluções!...
Riem-se os fariseus; banhando em sangue o Réu
Estertora na Cruz e lança para o Céu,
Num supremo gemido, um doce olhar profundo!...
Dorme tranquilo, ó Cristo, ó meigo Sonhador!...
Dorme! Mártir sublime! o teu Verbo de Amor,
Num dilúvio de Luz já despertou o mundo!
26 de março de 1891.