poema quase limpo

hoje eu não quero

abrir essa porta

só por prazer.

preciso que esse vento

venha lento

em branco e preto;

quero a artéria sangrando

senão eu sangro aqui dentro,

é matéria;

hoje não tem pra ninguém

vou ter o desdém

do cheiro da rua

ou volto sozinho

mesmo sem chuva;

lamber as feridas

distribuídas ao chão

em cada esquina

gritando paixão;

não me olhe desse jeito

com esses mamilos de ódio

de carne, de fome

que no meu peito não há remédio

não há o que fazer, não há nome.

hoje eu não quero

abrir essas pernas

só por prazer.

Henrique Pitt
Enviado por Henrique Pitt em 27/01/2015
Código do texto: T5115575
Classificação de conteúdo: seguro