Floresta Nua - Gotas de resto

Bem queira a floresta nua,

Crua carne que lhe serve,

Conserve-a como parte da rua

O qual espaço lhe é cerne.

Queira desnudar cada esquina,

Sina cinza de ser verde,

Adentre assim em cada rima

Pois é ouro só, a sua sede.

Mal queira a si como um igual,

Cozido escasso de iguaria,

Que povoa tudo que é normal,

Que mata a si apenas por franquia.

Nado ao que sobra é refém

Do que escrevo, escravo ao

Que sonho, livre ao que mereço.

Tudo que escrevo sobra

Singelo ao refém de meu escravo

Sentido, que escrevo e não

Mereço poder sonhar.

Assim, faço resto em universo

Tudo aquilo que recrio,

Tudo aquilo que não faço.

Como uma pintura numa gota,

Um ponto em um cesto,

Um poema em lugar nenhum.