PULCRA - A SINFONIA DA MULHER

E Deus criou a mulher...

Devagar, Ele modelou

– com as linhas sinuosas e ondulantes

das águas cantantes

dos rios, das cascatas e dos mares –

sua carne amanhecente

de adolescente.

Em sua pele fresca e cetinosa

– como se fosse

fruta madura, sumarenta e saborosa –,

espalhou certa essência misteriosa,

composta de volúpia e desejos.

E a este ser

– o mais lindo animal

que habita a Terra –

de beleza estranha e

graça sem par

concedeu a luz do céu

e o movimento do mar

toda a ardência do deserto

e toda a vida que a Natureza

no seio fecundo encerra.

Seio de curvas audazes,

como quilhas de veleiros,

pondo desejo de viagem

– a mares desconhecidos –

em milhões de marinheiros.

Quando o lindo busto arqueia,

há no gesto que se espraia,

volúpia da água na areia

– na areia encantada

da praia da Ilha das Fadas.

Cabeleira desgrenhada

pelos ventos das paixões,

qual cordame de navio

cingindo corações.

Olhos claros de miragem,

com acenos de palmeiras:

saudades de terna viagem

nas carícias derradeiras.

O fascinante sorriso,

em sua boca formosa,

é como gota de orvalho

na pétala duma rosa.

Tem o calor da vida

e o mistério do filtro do amor,

que flui do mistério da alma.

Terra e Céu se misturam

no êxtase de seu corpo.

Seu corpo...

com curvas moles de duna:

uma luz no deserto

onde busca amor incerto

o bravo soldado da fortuna.

É a verdadeira beleza,

que nasce e renasce

das águas das lendas,

pronta para amar e

dar amor sem tédio algum.

É uma deusa única

que sabe abrigar

o fascínio feminino

e despertar a malícia da serpente.

É uma Vênus de carne

que exsurge

dum mar de espumas e rendas,

para espalhar no mundo

beleza e encanto.

R F Lucchetti
Enviado por R F Lucchetti em 02/02/2015
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