"Permite que eu volte o meu rosto
                                  para um céu maior que este mundo,
                                        e aprenda a ser dócil no sonho
                                              como as estrelas no seu rumo." (C. Meireles)

 



        
TARDE



 
Já se faz tarde.
Um copo de leite no leito
Antes do sonho feito,
Sem berro pelo aterro,
Pelos meus erros 
Nem pelo desterro
(em que me encontro).

Pronto!
O que me é possível reconto.
Com dádivas e sem dívidas.
Nem dúvidas.
Envidas-me?
Envieso-me.

Sim.
Desci ao meu submundo
Mas não varri meu porão.
Algum rato às vezes escapa de lá.
Quisera fosse o pássaro aprisionado,
O meu trinado a livrar-se.

Do céu, piscam-me estrelas lívidas.
Já se faz muito tarde.

Pontos, descontos.
Sangue escoado,
Matizando o (a)ocaso.
O sol que se pôs,
Não se recompôs,
Que nunca mais nasceu.




foto: Edu Viero





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Obs: na 1º estrofe há alusão aos versos de Caetano Veloso na canção "Qualquer coisa".


 
KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 09/02/2015
Reeditado em 12/02/2015
Código do texto: T5131236
Classificação de conteúdo: seguro
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