Recôndito, à luz de velas.
Nossos olhares se lançam no abismo,
Tão certos se encontram na fina cantiga.
A malevolência de antigo castigo
Não canta o destino na fossa da vida.
Meu bom pastoreio, que lança o caminho.
Em meu bucolismo, és quadro passado.
E sobre tua sombra, desposo cansado
O triste destino: manter-se sozinha.
O consolo se ergue,
Inerte e presente.
A chama do dia, exausta, desiste.
Em em pardo incenso dispõe a saudade,
Não levo o amor, mas sei que ele existe!
Meu bom pastoreio, me chama em rebanho!
Pois cego meus olhos em desejoso pranto.
Carrego teu cheiro e tua imagem aquecida,
No fundo do peito que, em mim, não palpita.
Sei, guardo marcada a alma sublime
De querida e vasta saudade, é certeiro.
Na mais pareada das causas que vivo,
Tornou-a ouro, meu bom pastoreio!
Meu bom pastoreio, disponha o cajado!
Que sigo o rastro de passos singelos,
E meus trapos velhos de fibras sucintas
Alastram o peso e não tão belos.
Tu luxas carícias nas asas do tempo,
E serves de templo d’alma sutil.
Meu bom pastoreio, me leva contigo?
Pois sou teu rebanho, n’um quadro anil.