Pouco importa, meu formoso anjo
Se é injusta a vida que nos deste,
E espalhando-me dos dedos o sopro rouco
Faz-te tão bela, a vingativa veste.

Murmuro, então, teu nome em simples versos,
Pois noutra forma não te ocultas neste tanto.
Serão efeitos de amor meu puro pranto?
Ou a loucura de achar-te em amor eterno?

Pois és o drama que amplio em poesia...
Dizei que em mim me consome e me afaga!
Tu és a causa de aceitada covardia,
Se outra vida não aceito em tua causa!

Queimam ainda, no céu, milhões de estrelas,
Seres da terra e o minuto que me segue,
O doce aroma n'alva brisa de tristezas.
Sonho ser breve, ó meu amor, que seja breve!

Pois sou do mundo e não te nego meus suspiros
Ao trazer junto contigo meus desejos.
Se consumo a leve vida de teus beijos,
Sois a manta do meu céu, os teus cabelos.