IZEÍl
(PARÁFRASE DE UM DRAMA LÍRICO)
Qual outra Morta idolatrada,
Vesti de luto a Juventude!
-Oh! Morta pálida, fechada
No fundo atroz dum ataúde! -
Eu fiz um túmulo sem porta,
Murei com lágrimas o umbral,
-Oh! Morta pálida! Oh! Morta! -
E pus-lhe em cima o colossal
Peso cruel do meu Tormento,
Todo o seu peso formidável,
Para selar o monumento,
Como uma campa inabalável!
Mas apesar de imóveis, frouxas,
Da Morta as pálpebras caidas,
Aquelas pálpebras tão roxas,
Desde as supremas despedidas;
No peito, em cruz, as mãos piedosas,
Gelado o corpo, o lábio mole,
Oh! eis que a Morta, dentre as rosas
Sob a mortalha os olhos bole!
E eis que se ergue, aureolada,
Ressuscitando, lento lento,
A Morta pálida, adorada
Da cova exul do Esquecimento!
Partiu-se a tampa do ataúde!...
Oh! o meu, Sonho que eu matei,
Bela e saudosa Juventude...
Oh! como mal vos enterrei!
1894.