No pé da árvore

As aves de rapina sobrevoavam o céu cinza em círculos.

Um ser inerte no meio da mata destoava do ambiente.

O ventre com gases pronto para causar uma explosão natural.

Ratazanas loucas, alarmavam de um lado para outro.

O momento era crucial e mórbido.

As moscas negras salpicavam de ovos o corpo imóvel,

A criatura entregue ao tempo frio e cálido.

Num momento desmancha-se no chão um líquido aquoso.

Nojo? não... talvez compaixão.

Secam-lhe as veias, enruga-se a pele,

Vão-se os cabelos, levados por pássaros para compor um ninho.

Já não importam os momentos, as flores só dão a cor ao ambiente.

A chuva molha o tempo, espanta os pássaros, os ratos e moscas.

Lava o corpo, desmancha a pele, explodem os ovos.

Com a água, forma-se a correnteza,

Leva a pele, a roupa mistura a terra.

Sobrando só os ossos.

Rapidamente chegam os predadores e destroem os ossos.

Finalmente nada existe.

Nunca existiu

Morreu desde o primeiro momento.

Joaquina Affonso
Enviado por Joaquina Affonso em 14/02/2015
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