O JARDINEIRO DE AUSCHWITZ

causou-me espécie saber que decepavas flores

e afogavas estrelas no teu jardim de cardos;

como se cada um destes vos atirasse dardos,

e ameaçasse iluminar tua seara de horrores.

negavas o cio e o nascer de novas coisas,

cavando um tesouro improvável,

na finitude de teu solo miserável,

estéril à medida em que a ave negra poisa.

abstenho-me de vossas maçãs,

e que maçãs, se não plantas?

logo percebo que furtas...

negas também as manhãs.

e as faces do sol, que são tantas

por que as esconde entre as murtas?