Soneto de Amar sozinho.

Que seja o Amor a dor desmascarada

a desdenhar da febre do amador

E se o Amor for só uma cilada,

O fundo de um espelho ditador?

Que seja esta ilusão vinda do nada

A torturar o lábio delator

e disfarçar em si a coisa amada

a paz comprada e sem nenhum valor.

Quando sentir a solidão intensa

Delito desta mente que delira

Que brilha noutra dor mesmo suspensa

A sombra de outro sol que se retira

e a alma quer cumprir esta sentença

Enquanto o corpo vive a tal mentira.