O mentiroso

Das entrahas do útero

Sufoco vil e condenado

Feito o sigilo ao abismo lançado

Sou nome, sou pétala despedaçada

Que tanto murcha ao solo abandonada

Nos braços de um vento púrpuro

Os dedos já não me servem para coçar

Estão trêmulos e desgastados

pelas memórias que inventei

E a outros mentiras contei

Simbiose desgarrada de um tino

Esmeira no lânguido fel

Eu, delinqüente e cabotino

Aguardo o quadro em que sou réu

A pétala seca e estéril mingua

Meus dedos raquíticos fibrilam

As sombras de um passado

O qual nunca esteve submerso.