Sábado Cinzento
Entre orvalho e buzinas de carro,
o asfalto molhado, agora, reluz
um céu nublado de giz,
um sábado cinza de março.
Me perco na tristeza
de uma beleza tão simples
de dias assim.
Sei que não deveria,
mas já não há tanta alegria,
crescendo dentro de mim.
A grande ironia é que,
com ou sem companhia,
os dias de chuva sempre foram felizes.
Hoje sinto cessar a euforia
e com ela as matizes.
Visto a fantasia dos dias comuns.
Espero ansiosamente o tempo passar,
observo o movimento da rua
e o canto agudo do sabiá,
E me pergunto o motivo de tanta angústia
e solidão...
Enquanto as folhas balançam
derramando o pranto em forma de chuva,
na areia, no barro, no mato,
no chão.