Ponto feliz

Então massangas meu coração

retornando ao ponto de origem.

Minhas memórias recordam tudo aquilo

que não necessita ser lembrado.

Ao mesmo tempo que preferes

refletir sozinho no espelho do seu quarto.

Aquele espelho velho que ainda guardas

meu adesivo branco na borda.

Um adesivo de alma

e de calma

que de hora em quando

se lembras de mim.

Triste pra mim,

não para o outro lado.

Porque sabes que

para me destruir

só precisa se manifestar.

Então massagas meu coração

mais uma vez, retornando ao

ponto de origem que o deixou.

Meu coração se esvai,

se destrói, se massanga,

se deixa levar por uma história,

uma conversa qualquer.

Essa historia

é um ponto sem fim,

é um começo sem sentido.

É algo que envolves como numa

brincadeira de criança.

É triste o coração

que chora sem lacrimejar.

É triste a alma que implora

sem pedir perdão.

É triste os olhos

que não enxergam

mesmo por ver

e os ouvidos que se deixam tapar.

E então massangas meu coração

por uma última vez,

uma vez que parece o fim,

mas que nunca se deixa

pôr um ponto final.

Deixando por viver nessa vida medíocre,

sem pé nem cabeça,

com sentido no solado de quem pisou

pra não mais desenraizar.

Uma história sem sentido,

de pouca noção.

Mas me cansei de histórias

sem sentido e sem noção.

E então o que me diz?

No final deste conto

existe um ponto feliz

ou será preciso reiniciar?

É que eu tô cansada de esperar,

prefeiro logo resolver esse negócio,

desocupar a passagem.

É que a garagem tá cheia

e não tá dando pra lhe esperar.