Fruto de Gaia

Gaia sagrada,

Mãe terna de tantos povos,

Quando meu corpo se cansa

E minha alma pestaneja,

Tu me dás o colo,

O acalanto, o aconchego.

Lanço-me à relva

E nem me importo

Em tornar-me um

Com meus irmãos

Que carregam folhas cortadas,

Que fazem o húmus renovador,

Que cricrilam canções inesperadas.

Me embala, mãe planetária,

Recebe este teu fruto de volta ao ventre

E me gera, geratriz, regenera pra eu renascer.

Sou teu filho fruto falho,

Em cujas minhas veias

Corre o magma criador,

As águas purificadoras,

A seiva vivificante.

Quero enraizar-me em harmonia

Até confundirmos as superfícies,

Fotossintetizar em luz e vibração

Os movimentos de nossos íntimos.

E em gesto de gratidão

Quero também ser aconchego,

Quero também ser mundo,

Quero também ser terra,

Quero também ser mãe,

Quero também ser Gaia.

Glaucio Cardoso
Enviado por Glaucio Cardoso em 16/03/2015
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