Dialético-Mania

O que existe entre a verdade e a mentira, entre o ódio e o amor, entre a dor e o bem-estar, entre a guerra e a paz, entre o preenchimento e o vazio, entre a luz e as trevas, entre a noite e o dia, entre o opressor e o oprimido, entre a voz que impera e o silencio que tranquiliza o desejo da morte?

A lógica que nas asas das palavras carrega o infortúnio é a mentira que a todos cala, para tornar a todos silentes almas de condenados. O ódio que domina a alma desvalida de paz, é o amor pela liberdade desconhecida que faz da dor desmedida o substrato da guerra merecida, o audaz.

A coerência que preenche o sentido dizendo o que é e que não é, na clarividência das trevas que permeiam a noite perdida dos sentidos, evidencia a luz da opressão lançando ao mar a mudez de suas ondas, tornando-o uma ovelha tosquiada, imputando ao sentido a restrita coragem de viver.

O que faz do homem mensageira da morte, faz de si o sentido da vida. O que cala o direito da fala, fala de si. A tirania entalada que acavala aos montões a redundância da vida morrida, o atordoa ante a euforia no desnorteio da vida, de olhos em desespero, buscando encontrar guarida.

Onde habita a dialética numérica da verdade, mora a supremacia do mando com sua mentira. Onde reside o fuzil municionado da apatia, subsiste o apreço da autocracia. Onde existe o silêncio da agonia, persiste em dia o sentido da clausura. E a verdade que sempre corrompe, mente em nome da democracia.