DOM DA CURA

Há dias que adias concretizar meu sonho...

Protelas pelas tabelas o que proponho...

Procrastinas como inquilina inadimplente...

Prorrogas entre drogas que eu seja consciente...

Retardas e não baixa a guarda quando imploro...

Demoras horas em me consolar quando choro...

Protrais por trás, mais seus ais do que meus ais...

Diferes e feres meu peito como nunca jamais...

Pospões com seus botões com ar de dissimulada...

Alongas sem delongas como se minha dor fosse nada...

Espichas e pichas meu coração com frase mesquinha...

Espacejas e esbravejas que nenhuma mente adivinha...

Alastras e arrastas meu sofrimento com ar de riso...

Esticas e praticas ato sadomasoquista preciso...

Dilatas, atas e desatas meus choques e feridas...

Intervalas entre valas meus cortes sem medidas...

Amplias e envias sinais de que isso é adeus...

Acresces e esqueces das antigas preces a Deus!

Já se consumou, me consumi, quase sumi na agrura...

A sorte do coração, é que novo amor tem dom da cura...

Foz do Iguaçu, 12/03/2015

Publicado no www.nelmite.blogspot.com em 16/03/2015

Publicado no Recanto das Letras em 16/03/2015

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