Retas e Curvas

Euna Britto de Oliveira

Gostosa é essa ducha fria

Sobre a carne

Onde o corpo principia!...

Sou e sofro.

Peleja a inveja sobre as coisas boas,

Sobre as coisas belas!...

O mundo é curvo.

O universo é curvo.

As pessoas são retas ou curvas.

Fico observando a sorte

E as retas e as curvas,

Apoiada numa janela

Ou sentada sobre alguma cancela...

Chega primeiro aquele que nem saiu do lugar.

Sei qual é a forma de vencer – É crer!

Não sei se pinto ou se bordo,

Não sei se ardo ou se esfrio.

O que sei, escrevo.

O que não sei, copio.

Não brinco de viver,

Eu vivo!

Fogueiras enfeitam de novo

Uma noite de junho!...

Gravam-se a fogo, em minha mente,

Labaredas iguaizinhas às da pré-história!...

Alguém bate com força um bastão contra a fogueira

E produz primeiro milhares de mini-estrelas, fagulhas...

Depois, cobrinhas de luz!...

A magia do fogo festivo me prende

Exatamente como prendia ao homem primitivo,

Aquele desenhista ativo, contemplativo

Que deixou suas marcas nas cavernas...

A distância ideal entre mim e a fogueira

Dá o calor confortável.

Espremo em minhas mãos os dias da minha vida

E vejo que a vida, mesmo a mais longa,

É curta.

Estão roucos os cânticos gregorianos

E os cânticos profanos

Que ontem mesmo enchiam as igrejas

E as praças...

Onde foi

Como foi

Quem foi

Que garimpou o ouro com que

Fizeram nossas alianças?...

Uma mistura de muitos ouros?...

Sei de garimpeiros

Que sofreram e até morreram em serviço,

Mas sei também dos bem-sucedidos!...

A mata recorta o céu

E a lua vence o meu sono.

Quem será esta que sou eu?

Eu e meus filhos, tão próximos,

Onde estaremos

De hoje a três bilhões de anos?...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 07/06/2007
Código do texto: T517920