Ele
Então ele mergulha o seu rosto na minha nuca e vai bem além das linhas daquele monte de bobagens que as pessoas falam sobre não se envolver. Ele passa dos limites, atravessa as minhas fronteiras e segue assim, respirando o ar quente no meu pescoço. De repente ele me abre um sorriso bobo, desses de menino. Me abraça com aquele jeito apertado e leve de ser e me pede pra ficar. Encosta os pés nos meus pés entrelaçando nossas pernas de uma maneira singular. Suspira enquanto me aperta e deixa o sono nos dominar. Eu observo quieta e aproveito essa paz existente nesse minuto pra relaxar de todos os meus dramas diários. Fico vulnerável nos braços dele, desarmada, longe da loucura da noite e perto da tranquilidade genuína de viver um quase amor. Logo eu, que sempre sou dona do meu nariz e vivo com o controle na mão sobre as minhas relações e emoções.
Então lembro, e acendo a luz vermelha, alerta, ainda é cedo pra falar de amor, então só me ajeito na conchinha dele e enrosco as minhas pequenas mãos nas mãos gigantes dele.
Desperto ele com meus movimentos, e com meu jeito inquieto. Mas fico imobilizada com o monte de beijos, carinhos e cheiros que ele meio sonolento me proporciona. Esqueço e me entrego. Não sei se ele está acordado ou dormindo, não sei se estou sonhando ou vivendo mas sei que é um momento que poderia não ter fim, então o eternizo na poesia.
O dia lá fora tem pressa. Puxo ele pra perto de mim e esqueço o tal do relógio. Entre o vira e mexe das cobertas e os breve abrir de olhos me sinto feliz. Não sei o que será de nós amanhã mas conhecer o universo dele tem me feito quebrar muros.
Me deixo invadir pela paz que o quarto escuro nos dá, então este se torna o refúgio quentinho que nos abriga da chuva que marca o tempo lá fora.
Até que ele realmente acorda, olha as horas, esfrega os olhos, me olha e sorri. Sussura baixinho me olhando nos olhos um bom dia e prende o riso pois é quase boa tarde. É a hora que eu entendo que ele me tem porque sabe me encantar.
Caroline Dominguez