Poema premiado no Concurso Literário Internacional - Literary Contest Manoel de Oliveira: 106 poemas para os 106 anos de Manoel de Oliveira - 2015
Colocação: Menção honrosa
Brasil - Portugal


as películas de oliveira

a oliveira brotou no porto
e imagens se formaram
em câmeras
em movimento
 
o trem apita
e o menino cai
após a bela da varanda
sorrir seu aceno
e bobó
seguir sempre por bom caminho
 
a boneca é guardada no peito
enquanto as telhas sob os pés
cobrem o telhado
cinematográfico
 
tempo de primavera
touros chifram
enquanto a foice roça
o esforço das águas que pescam
a paixão
 
a marcha
do presente e do passado
não toca o tempo
das palavras de mulher riscadas
em fotografias de homem
 
só a virgem
mãe do amor de salvação
para curar
o amor de perdição
 
no palco a encenação
do caso dos canibais
o desespero do dia
de abraão
no vale do mundo dos sonhos
deste mundo hipócrita
de sopa sorvida
com gosto vermelho de fêmea
 
na moldura do céu azul de nuvens
o verde da árvore
é glória vã
em campo de batalha
 
a divina comédia
é viajar ao princípio do mundo
no convento da inquietude
 
a carta se escreve
com palavras e utopia
da infância
que se perdeu na casa
princípio da incerteza
 
as cordas dedilham
a abertura do quinto império
de ontem
como hoje
quando se olha no espelho mágico
belle toujours
 
a angel abre os olhos
da objetiva câmera
com seu sorriso
para flutuar
rente aos olhos
do amado
 
eis o enigma
singular de uma rapariga loura
que adentra a igreja do diabo
para encontrar
o gebo e a sombra
 
de tudo
 
nada exprime o amor como a música
presente em todas as películas
dos longos ramos de oliveira