QUINTAL

Pouso a chávena no tampo da mesa. Abro o livro na última página para ler o fim. Imagino a ficção num retrocesso curioso do tempo. Onde tudo foi possível dentro dos espaços traçados pela invenção do autor. Como a vida. Os despojos que ficam perdidos a um canto esquecido da sala. Aquele Quintal da casa ladeado de flores e da alegria útil que a criança via nos pássaros. Lembro-me da música atrás das cortinas e dos telhados numa profundidade distante. Era assim, o exemplo das nuvens coalhadas pelas arestas do céu. Para lá dos muros brancos o mundo esperava a sua hora como se fossem sinais descritos na inocência da cal.

"Vícios", 2015