Orquestrar da Solidão 

No frio e ofuscado momento, perco minha lucidez;

corro ruelas da vida, só não corro dos meus medos...
- que farei da minha vida, se não tenho mais você?
Com sentimento alheado, mergulho em pesadelos...
 
De repente, um transeunte, olha firme pra mim;
conduzo-me, ofegante, para um discreto lugar:
choro, copiosamente, por tudo ter tido um fim.
Ao menos, se eu pudesse, com sua volta sonhar...
 
Lembrarei para o sempre, deliciosos momentos:
tardes, olorizadas com flores, o jardim bordava,
e o verdejante gramado, palpitante de encantos,
cingia com luzente sol, doces carícias...- na relva.
 
Como há de ser dorido, ao solitário coração...
- reminiscências, que afagam um amor intenso.
Mas, versos cantarei, n’orquestrar da solidão...
- de esperança! E inspirará n’alma um alento.
 
© Daura Brasil 
São Paulo - 2007

Imagem:  Frederic Chopin Composing His Preludes by L.Belestrieri