Desassossegos da alma

Eu ouvi tua alma gritar

Uma gritaria calma

Tua alma rouca numa gritaria louca

Inconcebivelmente calma

E louca como tu

Minha contradição mais estimada

Teus versos, meu bem

Nos gritos aflitos

E sussurros casmurros

No sim e no não

Teus versos gritavam ódio e paixão

E toda a loucura dos teus cabelos jovens

E toda a juventude da tua loucura

Nos fios de cabelo grudados nos lábios

Teus versos no vento

Escapando dos lábios calados

E na tua loucura a cura

De todas as outras loucuras

E alma que grita, ainda

Não se faz ouvir

(Mas eu vi!)

Ninguém escuta a palavra muda

Em urros de alma cansada

Nem uma palavra se ouve

Nem nada

Porque toda palavra tua

Finda com vozes do passado

Eu não notei o meu nome

Nos gritos alucinados

(Mas eu vi!)

Houve gritos, ouve!

Ouve os benditos gritos

Mas vê se escuta com a alma

Quando o vento resolve parar

Na madrugada sauna da cidade morta

Ouço um ruído atrás da porta

(A loucura ressoa!)

E abro a alma (minha) pra ouvir

Já teus versos ecoam nos gritos

Que se confundem em tantos outros

Berros aflitos, desditos

De tanta alma fingidamente calma

Que se esgoela pelas ruas quentes

E becos doentes de João Pessoa

Áquila Teófilo
Enviado por Áquila Teófilo em 02/05/2015
Código do texto: T5227671
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