POETA CAÍDO

Pecamos todos nós,

Caímos todos nós,

E assim herdarmos saudades...

Pecai! Homens!

Pecai!

Que o poeta ainda bebe

E canta como um delirante.

Sempre houve um poeta,

Sempre terá um poeta,

Que rasgue seu tempo...

Derramado será o sangue,

E palavra será arauto deste tempo!

Benditos os poetas sem povo, sem pátria, como eu.

Benditos os poetas sem ruas, sem bares, como eu.

Benditos os poetas bestas, poeta manco, como eu.

Benditos os poetas...

Sem donzela,

Sem cidade,

Sem poeta,

Pois, não conhecerá a dor do mundo.

Raimundo... Raimundo,

Eu sou Pernambuco.

Raimundo... Raimundo,

Poeta bom é poeta russo.

Maiakovski esquece teus camaradas!

Ana! Deita neste colo meu,

Serguei seque teu sono,

Puchkin livre-nos do real!

Caímos todos sem versos...

Mas com salários,

Cartão de ponto,

Férias e descansos semanais,

Caímos todos num retrato três por quatro,

Caímos todos numa manchete de massacre

Onde besta e formal,

Fomos todos nós noticias,

Mataram vinte palavras do poeta numa regra antiga do português da padaria.

Mas...

Não há um poeta perdido,

Há um homem!

Uma crença!

E o tempo se comportar feito doença,

E a homeopatia de versos,

São pra poucos homens!

Não, não há uma frase de um poeta que não caiba num sentimento,

Todo poeta é de luta,

Poeta bom,

É poeta russo,

Poeta bom,

Está sempre em luta!

Severino Filho
Enviado por Severino Filho em 02/05/2015
Código do texto: T5228438
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