Homem diante do mar

Homem diante do mar

(Emanuel Medeiros Vieira)

Homem diante do mar

(instância interrogativa).

Precária caravela.

E finita: a vida

Trapiche:

o homem só contempla

(desembarcado).

No estatuto da memória:

ele se interroga, nunca mais a ação.

No porto: a rapariga rosada estendeu um lenço.

Limo: foram-se a juventude, o trapiche, a rapariga, o lenço.

(Mátria: sou apenas um homem diante do mar.)

Desterro: instante convertido em sempre.

O homem desembarcado só pode viver de memória: diante do mar.

Emanuel Medeiros Vieira nasceu em Florianópolis, SC (1945). Formou-se em Direito (1969) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Optou pela Literatura. Viveu em Porto Alegre, São Paulo, e reside há 37 anos em Brasília. Tem livros publicados. É detentor de prêmios literários nacionais e um internacional. Foi cineclubista, crítico de cinema, livreiro, editor e redator de discursos parlamentares.

Emanuel Medeiros Vieira
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 08/05/2015
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