Lago sem fundo

Quero crer em um poema.

E, diante de tanto narciso,

em nossa cultura,

encontrei um dilema.

Quando escrevo para mim,

sou a maldição de meus morfemas.

Aí, dialogar com o outro

pode ser solução,

ou problema.

Blasfema, rema, rema

para longe poeta

e lembra de que suas rimas

são riquezas perdidas!

Escrevo sem espelho.

A minha ode encontra na sorte

um sincero lampejo.

Hoje, quem era amigo

cria situações piores

do que as criadas por inimigos.

Escritor revela sua dor

sem nenhuma pretensão.

Mas sempre existirão pretenciosos

nesta Nação.

Posso falar de São Gonçalo,

como falo do Brasil.

Talvez, nem queira falar.

A cada linha, mergulho

em meu lago sem fundo.

Porque ser simples me apaga

e me insere no seu mundo.

Que Perigo! Afinal, Narciso

não tem nada a ver

com isso.

Rômulo Souza
Enviado por Rômulo Souza em 09/05/2015
Código do texto: T5235795
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