Desde 1500
Saudade do tempo que não vivi:
A pureza da mente consciente,
A sã menos lúcida das mentes,
Preto e branco era luxo,
Colorido era moda, hippie.
Balançar cabeça era dança,
O chique não estava na França.
Saudade de viver o tempo que vivi:
Pureza da mente inconsciente,
Pele de criança era seda incandescente,
Super herói era fantasia real,
A moda não tinha padrão,
Só atravessava a rua segurando a mão.
Saudade de viver o tempo que vivo:
Andar nas ruas é luxo.
Humanos são lixos de humanos,
Raça matando raça,
A humanidade de encontro ao fluxo,
se esvai como fumaça.
Sexo é dança sensual,
Fantasia de filme, agora é real.
Me acostumei com a incerteza do ideal.
Esperança, se morreu, não foi a última.
Sua vida ainda está na fila.
Morte virou filme da globo,
A tv faz a gente de bobo.
E bobo somos nós, por repetir o feijão,
Que agora vale um pedaço da sua mão.
Mãos de calo como o coração,
cada suor é uma gota de sangue
Derramado em vão,
Pra tampar crateras do falso sermão.
Além disso...
Aposto que essas palavras valerão para o ano de 2030,
Infelizmente,
pois desde que e entendo por gente,
O "Blues da Piedade"* faz sentido para qualquer jornal.
Só muda a merda e a esfincter anal.
*Blues da piedade - Cazuza