ANTE DANTE
No infortúnio da desilusão eterna,
Entre as sombras da apatia paterna,
Sob o peso da ignorância incidida,
Repousa o pobre homem em sua sentença recebida.
Não havendo mais recurso a ser exaurido,
No desespero ante a morte eterna,
Perpetrada a culpa que dilacera a alma,
Repousa o pobre homem em sua sentença recebida.
Já cessado o manifesto da alegria,
Lançado ao chão dantesco da ignominia,
Aos frangalhos de alma consumida,
Repousa o pobre homem em sua sentença recebida.
Entre paus e pedras, estilhaços que descem,
Frente ao desespero iminente do fim,
Arrastado pela culpa que lhe consome,
Repousa o pobre homem em sua sentença recebida.
A sociedade com seu dântico tribunal,
Deprecia sem receio o semelhante racional,
Se coloca como deus insano para condenar,
Ainda que Deus não lhe impute o direito de matar.