Saudação ao nada.
Seu quadril está envolto e confortável
Está aquecida no inverno
Está correndo por entre as árvores de mãos dadas
Modestamente faz pouco de si
não sabendo o quão incrível é
Está sorrindo agora
dentes imperfeitamente enfileirados
esperando completar sua vida com outra
Invejo os dedos que entrelaçam seus cabelos
e o teto de madeira a contempla-la à noite
Invejo as possibilidades
e as temo
Minhas veias as temem
não sabendo mais quanto podem transportar
esse nome em minha corrente sanguínea
que se espessa cada dia mais
Queria contar as paredes sua sorte
Refaria a cortina do seu quarto
e jogaria fora todos os meus isqueiros
Mas agora oque me cabe é enfeitar minha mochila
costurar aquele furo do meu tênis
Ah, também tenho que lavar e louça e tirar o lixo
varrer esses milhares de quilômetros
e na volta dar bom dia ao vizinho
E com o resto de minhas forçar lembrar
Que estamos no mesmo mundo
mas que os nossos mundos não estão no mesmo
Amanhã tenho que acordar cedo e levar minha vida pra passear
mas não durmo sem pensar nela