CHUVA DAS BÊNÇÃOS

Choveu

E a chuva lavou a terra

Mas não se fez enchente

Fez-se lixívia, como purgante

Que o intestino aterra

A chuva forte

Não é sinal de morte

É sinal de vida

A semente germina

E frutifica

O fruto é doce

A alma pura

O amor semente

Na alma da gente

A chuva acalma

Enche o rio

Pode arrastar as margens

Mas enche as barragens

De água pura

Que mata a sede

Dos que têm candura

A chuva pode ser ácida

Afinal, o homem polui

O ar que respira

Mas também exala

A poesia que embala

Um sonhar menino

Do passarinho

A ninar em seu ninho

A chuva é bênção

Ao sertanejo cansado

Humilhado

No labor diário

Quando a chuva cai

Sua tristeza se esvai

Um sorriso brota

Na alma já torta

Porque o alimento vem

A chuva é linda

Porque sempre resta ainda

No final da tempestade

Um arco-íris