BELEZA NUA

Seus olhos brilhavam por encanto daquela mulher misteriosa...

Mistério aquele, que desatinava seus sentidos fazendo-o presa de suas vontades.

Era feito menino na puberdade, dando-se por inteiro a tão doces vontades,

Redescobrir-se era tão fascinante, quanto viver a mocidade em tempos maduros.

Ela tinha os olhos de loba selvagem, tinha narinas de uma felina no cio, tinha presas,

Com as quais prendia as suas vítimas, e uma língua doce, enquanto ferina.

Eram palavras tão suaves quanto aceite a deixar-se cair ao tempo, feito bailarina em plumas,

Se arraigando por dentro, nos neurônios, nos sentidos, na alma desvalida.

Mostrava-lhe um céu de encanto e fantasia, dava-lhe afeto e nunca lhe faltava carinho,

Água viva abraçando o encantado para dentro de suas entranhas ardentes em fogo que devora.

O encantado não pensa, não sabe, não atina. Apenas segui o fluxo das águas que se vão,

Ele a amou enquanto pode, até que de si nada mais restasse para viver, para existir.

É temível um amor desse tipo. É tão forte quanto passageiro, e tão rápido quanto doloroso...

Deixa marcas tão profundas que jamais se curam. É um amor de momento deleitoso.

A disparidade está nos extremos da forma vivente. Aquilo que é bom enquanto causa e efeitos

Se saturam na busca de um sentimento pleno, feita a beleza nua de qualquer preconceito.