Batalha

Fez-se em mim uma intensa guerra:

minhas palavras formaram-se,

eram meus soldados, minhas armas;

soldados sangrentos, calados,

fumegantes,

soldados covardes.

Fui à batalha

e lá rezava o inimigo,

ajoelhado,

contido consigo,

armado em temores,

fitando-me como que uma criança,

afogada em seu olhar tênue, ingênuo.

Sua loucura se perdeu.

A curvatura de seu corpo,

condoída com a imponência de minha arrogância,

derramou-se em meu ódio.

Não fui mais que opressor

oprimindo-o com a sede de expressar-me:

Redigi minha angústia.

Minha covardia não se rendeu

aos seus gritos fúnebres.

Suas orações não me venceram...

Seu deus perdeu

o meu ganhou

o poema nasceu

e a guerra acabou.

01/11/06