O caso

Ensandecido com a nostalgia da noite

Foi-se, volta a volta, enrubrecendo-se

Vestia de um azul que não lhe pertencia

Algo de estranho, aquele azul

E como que forçosamente e pontual

Começou a lutar para não esvair-se

Equilibrou-se pelas serras íngremes

Por seu peso e sua forma, não durou

Lentamente, tristemente, deslizava

Em desespero, gritou!

Seus gritos rubros e róseos nos enchiam os olhos

Seu desespero nos aprazia.

Enfim, depois de explodir em mil cores

E derramar-se em sangue quase púrpuro

Feneceu, docemente.

E por isso, milhares deles surgiram no ante-breu

Indo e vindo, em todos os lados

Exprimindo os contornos dessa cidade

Desenhando trajetos de vota ao lar

Indicando as trilhas de se perder

E apagando-se, finalmente, para o sono alheio.

Restou-me a memória:

Imagem desse sofrimento na retina

E a certeza que esse sofrimento será diário

E por isso essa explosão de beleza também.

James Douglas
Enviado por James Douglas em 14/06/2007
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