POESIA FRANKENSTEIN

Juntando pedaços

Auriga de sonhos retalhados

Ligando cérebro e coração

Num amontoado de palavras insepultas

Fazendo o desconexo original

Ganhar nexo imparcial.

Veias, terminações nervosas

Estômago, intestino.

Sangue negro flui pelo papel

O corpo da poesia reavivada

No trovão da imaginação na noite.

Poeta Frankenstein

Cientista orador

E sua cria poesia

Saída de túmulos

Mortos empilhados

Rosas sangradas

No peito canteiro,

Fenda para o abismo.

Poesia remendada

Costurada, feita bela

Da mutilação do poeta.

Talvez, nada esteja mais morto ou mais vivo,

Que o poeta intermediário, ambíguo

Indeciso entre a vida e a morte.

Aparição

Quimera humana.

Criador

Criação

Criatura

Poesia morta-viva

Poeta Frankenstein.