Enchente

Éramos jovens, belos, inocentes,

Estávamos apenas começando,

Havia tanta certeza do nosso pra sempre.

Havia tanta emoção,

Tanta intensidade nas palavras, nas canções, nos toques, nos olhares...

Entre um suspiro e outro,

Entre um beijo e um sorriso,

A promessa do eterno,

Um juramento infantil

Em nada nos comprometeria,

Afinal éramos almas gêmeas, destinadas a ficar unidas.

Mas a juventude se foi,

O trabalho, a escola, a vida mudou-nos.

Cada um seguiu um rumo.

Cada um trilhou seu destino.

Mentiu-se para o destino, ninguém cobrou a promessa, sabíamos intimamente que era uma loucura infantil querer cobrar do destino o porque não podemos ficar unidos.

Mas a roda da vida girou...

Frente a frente nos colocou, você ali com ela, eu aqui assim...

Sorrimos, educadamente conversando e por um acaso eis que toca,

Lá no fundo algo brilha, uma faísca ascende, começa a queimar e logo incendeia o peito, meu deus, como eu ainda te amo?

Um olhar se cruza,

Um toque e as mãos trêmulas novamente.

Ele percebe,

Ela sente o mesmo,

Ele liga,

Ele implora, jogado aos meus pés, fazendo-me sua deusa...

Ajoelhada diante dele, vendo seu olhar cinza, abraçando, sentindo o coração disparar.

Sussurrando mais para mim:- É real, eu ainda te amo Xerox...

Entre beijos e lágrimas, um abraço velado, um êxtase ansiado...

Acordar de manhã e não ver-te a meu lado...

Esse é o nosso pra sempre...

Eterno em despedidas.

“Minha querida cópia, seremos sempre almas gêmeas, sabemos bem disso há milênios. Sempre soltaremos faíscas, sempre provocaremos incêndios, mas não nos é permitido viver esse amor louco..

Sejas feliz amada de meu coração, seja amada conforme precisas ser, ame muito, derrame-se, inunde o mundo pois seu amor é viciante.

Eu serei eu nesta vida e na próxima, eternamente amante.

E quando pudermos seremos unidos pelo destino.”

Ela leu o bilhete, sorriu, chorou, vestiu-se e foi cumprir o pedido, inundar o mundo de amor.

By Lilyth Luthor