In memoriam
Entre palavras de ordem
Entre destroços de gente
Entre veredictos que podem
Destruir simplesmente
Há uma flor que conforta
Há uma criança morta
Há um errante sem lar
Entre palavras rudes
Entre ofensas inconsequentes
Entre uma voz que incumbe
Destruir simplesmente
Há um filho querido
Há um pai exaurido
Há um profundo pesar
Entre as margens do hotel do sossego
E os olhos que me fitam
Num disparate de um poeta grego
Na memória de um Nilo ou de um Tejo
É aqui que eu hesito
No balaio das coisas sem graça
No desvario das moças nefastas
No tropegar dos rapazes sedentos
Onde o intento é um mar violento
É aqui que eu hesito
É aqui
Onde o tudo nada vale
Onde a dor não fere a pele
Onde os gritos enfim calem
O que a alma expele
É aqui
É aqui este lugar
No tapete da porta principal
No semblante de amor maternal
No olhar os focos alheios
No estômago um mundo inteiro
Aqui resido, hesito, expiro..
Aqui
Aqui dentro de ti