In memoriam

Entre palavras de ordem

Entre destroços de gente

Entre veredictos que podem

Destruir simplesmente

Há uma flor que conforta

Há uma criança morta

Há um errante sem lar

Entre palavras rudes

Entre ofensas inconsequentes

Entre uma voz que incumbe

Destruir simplesmente

Há um filho querido

Há um pai exaurido

Há um profundo pesar

Entre as margens do hotel do sossego

E os olhos que me fitam

Num disparate de um poeta grego

Na memória de um Nilo ou de um Tejo

É aqui que eu hesito

No balaio das coisas sem graça

No desvario das moças nefastas

No tropegar dos rapazes sedentos

Onde o intento é um mar violento

É aqui que eu hesito

É aqui

Onde o tudo nada vale

Onde a dor não fere a pele

Onde os gritos enfim calem

O que a alma expele

É aqui

É aqui este lugar

No tapete da porta principal

No semblante de amor maternal

No olhar os focos alheios

No estômago um mundo inteiro

Aqui resido, hesito, expiro..

Aqui

Aqui dentro de ti

Bruno Sousa
Enviado por Bruno Sousa em 26/06/2015
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