Deserto em mim
Desertificados pelas agruras da vida,
Cujo sol escaldante não tem dó,
Exauridos sem umidade retida
Vi tantos sonhos virarem pó.
Não crescem rosas nas almas ressecadas,
Ficam sem perfume e sem beleza,
Desencontram-se e sofrem angustiadas
Destroem-se em respeito à natureza.
Mesmo com ventos de versos contra
O cacto produz alguma flor
E o roedor nem sempre se amedronta
Até na adversidade deve-se salvar o amor.
A areia em tempestades não previstas
Fecha-me em mim a esperar o incerto
Sufoca-me e me obriga a cegar as vistas
Sem ver, miragens brotam no meu deserto.
A chegada da noite o calor ameniza,
Repouso em mim solitário e pensante
Sonho sentir uma leve brisa
E cheiros de amor que me façam amante.