A maçã repartida...

Euna Britto de Oliveira

Naquela rua, havia uma casa fria,

Cheia de agonia!...

Ora silêncios, ora incômodos gritos...

O sol temperava a sombra

Com brandura de luzes esparsas,

Rodelas de claridade...

Quem pode saber o futuro?

À beira de um regato,

Há sempre relva que possa servir de assento.

Sento-me, com os pés na água,

E pesco algumas idéias

Ao sabor desse vento...

Eu vi quando Nenza ganhou a maçã

E a repartiu em fatias,

Uma pra cada um da casa,

E eles eram seis!...

Nenza é pobre de bens materiais

Mas sua afetividade é tão rica!

Eu vi o esquecimento de muitos

E a consciência de poucos.

Eu vi homens fingindo que não tinham

A fim de ter mais!...

E vi outros fazendo de conta que tinham

Para aparecer mais!

A justiça está na medida exata da verdade.

Eu vi o engano e o enganoso

Eu vi o pano de fundo do tempo

E a trempe onde se aferventam as almas marrons

Que Rembrandt não pintou...

Há muitas vidas encardidas

E Deus não desiste de purificá-las!...

Há muitas falhas repetidas!...

Muitas madalenas arrependidas!...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 19/06/2007
Código do texto: T532499