Terra dos Traços

Como não se escreve?

Como não se sufocar?

Vagar rumo ao nada

e descobrir que nem ao menos

Chegou a se mover.

Tem que ter coragem meus amigos

para ficar sem o remédio,

sem aquela dose única de whisky,

suportar as vozes abafando os sons externos

e dragá-lo para dentro de si.

Não importa, não existe,

não deve, não é verdade,

não a tudo, não ao não.

Há períodos durante as noites frias,

que as palavras voltam para te assombrar.

O que é?

O que chama?

os velhos marujos,

de mãos calejadas devem conhecer

o tenebroso canto do mar.

Mar multiverso,

mar gritante e salgado.

Que engole e afoga amantes,

mas nunca foi amado.

Flui só, apagando ondas.

Tão antigo é o novo,

nos confins líricos,

pois nunca retornamos da viagem,

a anos-luz do vazio

e a uma alma do eterno.

Na ilha mais que proibida.

Onde fantasmas e demônios,

voltam a cantar aos ventos

Uma canção tão triste,

que não se ignora.

E aqueles que ouvem,

acabam pra sempre

perdidos entres os mundos,

nem vivo, nem morto,

poeta.

Somos todos poetas de nós mesmos,

bardos errantes,

bruxos imortais,

profetas distantes

e astrólogos banais.

Seria irônico, não?

Rimar a última aventura.

Mergulhar na fantasia,

escrever o primeiro adeus,

e morrer de poesia.