Inópia humana
Acordamos.
não sem assombro,
à porta do cárcere.
Aguardando a luz que despertará
nossos cadáveres interiores.
[Pobres Lázaros!]
Quando deixaremos de soar podres,
se de todas as carnificinas
nos saciamos em emoções tirânicas?
Inúmeras são as vezes
que ainda gozamos em gargantas chagadas
pelas dores de gritos silenciados.
Se hoje
não resistimos à frieza da covardia,
o que dizer do futuro,
plantio perdido do presente?
Medra a ignorância
em frestas de aparente bondade
qual lodo em cantos escuros.
Mãos, ditas, ungidas
mais apedrejam que afagam.
Bocas, ditas, amigas
beijam e escarram.
[Pobres Homens!]
Miseráveis em suas agonias diárias.
Mendigando o exorcismo de suas dores.