Poesia das Nações

Éramos...Sim, nós éramos!

Éramos tão mais do que fomos.

Pois, tanto éramos que não somos mais,

além de sábios solitários.

Naquelas épocas...

as verdades eram mais importantes

que a própria vida,

e a vida, bem menos que o orgulho.

Indiferentes às posses...

Porém, inflamados por suas expectativas.

Dizíamos ser donos de nada,

mas cuspíamos a vontade de engolir tudo.

E livres para amar...

corrompemos com os medos de perder,

desfigurando os sentidos do surgir.

Afinal, tudo pela dor.

Posávamos as alegrias...

em troca das carícias quentes,

e os beijos profundos,

que somente selavam o contrato.

Dançando entre máscaras...

brincávamos de natureza com a cultura,

e enquanto admirávamos outros planos

íamos se esquecendo aos poucos do nosso.

Decoradas em ilusões...

nadavam pelos vales submersos,

infindavam labirintos abissais,

sempre tangenciando as dimensões.

Modernos símbolos caraíbas...

mancham as faces,

com todos os ismos

que pudermos desinventar.

Trajados a rigor febril...

produto do distanciamento,

e a serviço da abstração.

Furtando ambos direitos e esquerdos.

De um mundo envolto em brasa...

fortemente aceso por dentro,

mistura lógica da mística,

resfria e chora seu triste momento.

Ainda longe de casa...

do interno eterno,

pista solta de mapa,

e canteiro sujo em desejos.

Dissipando parte do que existiu...

emersão póstuma de um trecho,

fino recorte de texto

e epifania senil.