Palavras..
As palavras, como os objetos, são encontradas
nos lugares mais inapropriados.
Como a profundidade da palavra,
se uma andorinha voando no céu
não compõe o poema?
Dissipa na magnitude do voo.
Assim como o beija-flor parado
em seu delicado bater de asas
não compõe o poema;
escorre na fragilidade da beleza.
As explosões do astro rei; o contínuo
acordo entre as luas e as marés,
a sofisticadíssima tecnologia das plantas;
nada disso compõe o poema.
A poesia é a voz que narra o instinto
e vai compondo a fotografia.
Disseram-me que as palavras não têm vida,
mas sei que são recicláveis:
Nada é estático, tudo se resignifica.
* Menção honrosa- poema classificado em 8° lugar no X Concurso Luís Carlos Guimarães RN/2015.