EM CELA

É noite na cidade...

Carros acendem seus faróis,

Mas aqui, entre os muros aparentemente seguros...

Está escuro.

Eu não te vejo mais,

Eu não sei quem sou...

Se sou o amor ou

Se sou você,

Quando não posso te ter.

É noite na cidade

E essa saudade viva

Que invade, fica, vem e vai.

Deixa-me sem os pés no chão,

Desarruma-me o coração, faz sem querer, inventar, revolver um sofrer.

Pior é o sofrer que ainda não veio,

Mas já nasce sem freios,

Parece não haver perdão.

Foi um amor,

Um amor proibido,

Foi um mal entendido,

Que se transformou nessa imensa paixão.

Nessa imensa prisão.

Agora estou aqui, entre a cruz e a espada,

Entre o veneno e o vinho,

Sem saber o que fazer ou aonde ir.

É noite na cidade

Não há mais contos, nem fadas,

Não há amigos ou vagas,

Mas o que sinto por ti é puro e verdadeiro.

É difícil de entender.

Mais difícil é viver sem essa liberdade de amar ou escolher.

Por isso fico aqui, entristecido e calado, vendo os carros, mudarem de lado.

Sentindo os meus olhos despirem a inocência, a minha cabeça se assentar num pensamento de outrora felicidade, o peito ferido de dor, enquanto em minha boca, adoça a essência do beijo da última vez que te vi.

É noite na cidade...

O sol nasce da gota da aurora, sobre os prédios das esquinas, meninos e meninas na pré-adolescência brincam nos quintais, pessoas seguem seus destinos em plenos temporais, Porque ainda não sabem do pecado, o sentimento, a mulher quem realmente me satisfaz.

É noite na cidade...

Lágrimas correm na curtina envidraçada,

E essa saudade infindada,

Que não cessa de brotar ,

Se não aliviar a alma penada...

Torna o ser, homem, de uma eternidade pautada

Em erros e acertos,que finca os pés na estrada.

É noite na cidade e muitos são os desencontros,

Muitas são as saudades, os amores proibidos e os segundos de felicidades.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 21/06/2007
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