DOS DIZERES E CANÇÕES

Como uma ponta de hormônio

que premedita o sangue que jorra

pode estragar o silencio da canção,

rasgar o celofane do coração,

desandar os ponteiros da hora?...

Como uma palavra desnuda

se faz dor aguda no desatino da escuta?...

destino descuidado de espinho em pé descalço,

cego no' que descabela o laço?...

Que os jardins das alianças

sejam mais zelados

para que brotem flores

para que sequem dores

e floresçam amores

nos afrescos congelados

dos nossos legados.

Que o verso dito

seja detentor do grito-flecha;

cerrando a porta, fechando a brecha.

Que o verso dito

seja semeador de grãos no chão que cora

abrindo caminhos de flores nos corredores da aurora.

D.V.

08/15

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