Poema a Srta L K (A um amor que não estanca de sangrar)

Você falou para eu deixar sangrar

que um dia esse amor que derrama-se

estancaria o sangramento.

O ano se passou, dias meses,

e ainda hoje está jorrando vida de mim,

Igual uma enxurrada após uma forte chuva.

Hoje bebo solenemente o fel que cultivei

sim, se não fosse a minha covardia

eu teria seguido outros horizontes.

Afinal, o que é um homem sem coragem!?

Um verme que rasteja na merda.

Ó minha amada, minha doce querida

Esse mundo tem se tornado estranho sem você

Tenho gozado com outros corpos sem sentir prazer

Sim, sim, isso mesmo.

Tenho possuído outras mulheres sem sentir êxtase

pois a maior beleza de uma pessoa está no seu ser,

de que me adiante corpos belos, mas a cabeça não

pensar mais que a cabeça de um caralho!?

Sim, sim, você me encantou com sua loucura

com sua alma imaculada, pura.

Quem dera-me poder descer novamente ao teu regaço

e beber da água que jorra da tua fonte

me enrolar nas suas tripas cheias de sentimentos

mas ao invés disso ando relinchando igual jumento.

Um cabra da peste, homi da molesta

que bebe um copo de cachaça sem lacrimejar.

Mas minha vida tem sido um descaminho

já não sei por onde ando ou o que faço.

Do alto da minha soberba, arrogância

despercebi-me da beleza que florescia

entre os abrolhos no meu jardim.

E assim, te vi esvair do meu manto sombrio

O julgo que coloquei sobre você foi pesado

A prova que exigi de você superou tuas forças

Fui cruel contigo por exigir um amor que rompe

os padrões de moralidade vigente

Que prende mesquinhamente muita gente

maldito, maldito, maldito seja quem ampliou a propriedade privada

para o âmbito das relações inter-pessoais.

Se eu pudesse pegaria a todos e dava uma descarga na privada.

Bendito, bendito, bendito, seja esse amor intempestivo

Mas te amo, te amo, te amo, te amo, te amo

Contigo sou capaz de cometer todo tipo de sortilégio

Profanar o templo das igrejas da cidade

Queimar todos os santos dos céus no inferno

Fazermos um brinde de fogo e enxofre

expondo à hostilidades a carne crua.

Assim como um puta expõe seu corpo a beira das

ruas e rodovias.

Vezes pego-me perguntando, porque perco meu tempo

contigo!? Sendo você uma membra dessa raça efêmera

de mortais. Que bebe no mesmo copo que os políticos

da pátria amada Brasil. Por que derramo-me por você

garota vadia!? O que te torna mais valorosa do que uma

garota que saiu das casas dos pais e roda bolsa na cidade?

Saudades jorra, esguicha de minhas feias e não estanca

Um abismo me consome em carne crua.