ECOS

Para as noites de nunca mais,

insônia mais cedo

no corpo tenso

pulso, soluço, exílio, segredo

Para dias assim, jamais sol

jamais cenas matinais

de amor eterno

jornais com raios de sangue

prateleiras, lençóis

nada de vida normal

xícaras manchadas

música de bolso

Para corações assim

nenhuma brisa maior

que atice as labaredas

ouça, nada de símbolos e alianças

aliás, nada de dança do corpo viciado

que se dá em festa

Na madrugada que é hiato

disparo tiros verbais

de dores cotidianas

terminadas em ar:

Juro que podia matar

se não morresse

podia curar se não adoecesse

podia chorar se não te constrangesse.

Como o verbo é caro, fico só com as vogais

e grito repetido meu feijão com arroz:

ai, ai, ai...

ROSE VIEIRA
Enviado por ROSE VIEIRA em 07/09/2015
Código do texto: T5374328
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