ECOS
Para as noites de nunca mais,
insônia mais cedo
no corpo tenso
pulso, soluço, exílio, segredo
Para dias assim, jamais sol
jamais cenas matinais
de amor eterno
jornais com raios de sangue
prateleiras, lençóis
nada de vida normal
xícaras manchadas
música de bolso
Para corações assim
nenhuma brisa maior
que atice as labaredas
ouça, nada de símbolos e alianças
aliás, nada de dança do corpo viciado
que se dá em festa
Na madrugada que é hiato
disparo tiros verbais
de dores cotidianas
terminadas em ar:
Juro que podia matar
se não morresse
podia curar se não adoecesse
podia chorar se não te constrangesse.
Como o verbo é caro, fico só com as vogais
e grito repetido meu feijão com arroz:
ai, ai, ai...