Portais da alma
Existe nudez em meus olhos... Olhar lascivo!
Imprudente ao fotografar sentimentos legítimos e
impreciso ao enxergar desejos libertinos.
Quimeras dissolutas que exalam musas sensíveis;
Das inspirações, outrora sem sombra, forma, rosto,
já sobrepujo as rugas de expressão, o tom, o gosto!
Existe nudez em meus olhos... Ausência de sentimento!
Barganho meu coração oco com as lentes virginais.
Aspiro a frieza e solidão que reina em minha alma.
Preservo ao frio, questionando-me ser imortal.
Salvarei as donzelas, ou as lançarei na vala dos instintos?
Ou serei mais um voyeur a aplaudir o banquete do dragão cognitivo?
Existe nudez em meus olhos... Escravo de mim mesmo!
Escravo do meu desejo de ser apenas alguém comum,
com anjos e demônios gaguejando meu destino ao ouvido.
A esta geração me farei propício, dizia.
Errado ao confiar ao mundo meus intentos épicos,
errado ao receber o ditoso suborno imerecido.
Existe nudez em meus olhos... Portais infames!
Prossigo hipnotizado por minha imagem no espelho,
inebriado pelo enxofre que emana de meus sentimentos.