Aviso da poesia

Sob as pedras,

na terra,

a poesia não pergunta se é dia,

as horas,

muito menos cumprimenta.

A poesia sempre quer que a libertemos.

Poesia é o que chamam

liberdade,

daí seu emprego inviável nos dias de todo dia.

Ela se esconde atrás dos relógios, nossos regentes

de duas batutas,

nesta sinfonia ávida, não obstante ordenada.

A poesia almeja ser lembrada,

por isso infiltra-se pelas paredes

brancas de esquecimento

e cria uma nódoa úmida,

um ponto cinza maculando aquilo,

mácula que se expande pelo teto, barreira de memórias, e,

gotejando,

nos desperta

para avisar que agora é tempo de não ser mais nada.

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 20/09/2015
Código do texto: T5388865
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